p2020 muito por corrigir Eirostec

Portugal 2020 – Ainda com muito para corrigir.

O Portugal 2020 é o fundamental instrumento disponível para estimular e apoiar o investimento das empresas nacionais e das PMEs em particular, Portugal.

Embora hajam aspectos do programa que poderiam ser diferentes, importa reflectir sobre o que está mal e tem que melhorar, no programa que temos. Como tenho vindo reiteradamente a referir, o programa actual, se for bem aplicado, já terá um impacto extraordinário no desenvolvimento da nossa economia. Devemos, contudo, ir discutindo o próprio programa para que os próximos possam ser mais úteis e eficazes.

Estando eu muito mais próximo do mundo das PME, interessa-me sobretudo reflectir sobre a parte do programa orientado para o apoio do investimento daquelas, nomeadamente o investimento na Inovação e Internacionalização.

Ninguém discute a pertinência e urgência do investimento das empresas ser orientado para a inovação dos seus produtos e processos, assim como para a sua orientação para o mercado global.

Também não discuto a orientação do programa para a desmaterialização dos processos de candidatura, como forma de agilização dos mesmos e aumento da transparência.

Ainda do lado dos aspectos positivos, parece-me bem a ligação dos apoios aos resultados, como acontece nos projectos de Inovação. É uma forma de comprometer os promotores com a eficácia.

 

Mas há, infelizmente, muitos aspectos que, passado mais de ano e meio de programa, ainda estão muito mal:
  1. O quase total silêncio da administração relativamente aos problemas e atrasos que bloqueiam o programa, que atrasam os investimentos e prejudicam as empresas e a economia
  2. Os atrasos de meses na divulgação de resultados, sem qualquer justificação e apresentação de novas datas. A incerteza é mortal para a o investimento.
  3. A incongruência de avaliações feitas a muitas candidaturas, por diferentes técnicos e organismos. Percebe-se impreparação de técnicos em avaliações com base em preconceitos, crenças e, muitas vezes, simples ignorância, que evidencia preocupante falta de sensibilidade para avaliar projectos, tendo em conta a realidade das nossas PME.
  4. É inadmissível que ainda não estejam disponíveis os pedidos de pagamento dos projectos de formação! (há data que escrevo, 28 de Outubro). Se ninguém duvida da urgência da capacitação dos nossos recursos humanos, ninguém percebe como se pode descurar – ou não resolver – esta questão que se arrasta há mais de 8 meses!
  5. Fecho de um concurso, sem terem saído os resultados do concurso anterior, impedindo assim que um promotor possa corrigir uma candidatura que tenha tido parecer negativo.

 

Estou convencido da possibilidade e até facilidade de se contornarem estes problemas.
Bastará vontade política. Bastará materializar apenas uma parte da retórica propalada por governantes nos múltiplos fóruns de exaltação dos empresários ao longo dos muitos últimos anos.

Infelizmente, parece-me que há política a mais onde havia de haver administração, gestão e orientação para o mundo real e para a acção.
As equipas e os interlocutores dos organismos, os regulamentos e os processos deverão manter-se, independentemente dos governos. As empresas precisam e exigem estabilidade na relação com a administração central. Falarei noutra altura do investimento directo estrangeiro…

Não tenho dúvida que ainda vamos a tempo de corrigir a trajectória.  Haja coragem!

António Queirós
Director Geral / CEO EIROSTEC. Consultor Sénior.

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